CDJBC realiza pesquisa ação em Poço Redondo sobre Consumo Alimentar e planeja levantar os canais para comercialização de produtos da Agricultura Familiar

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No último dia 29 de julho de 2025, o Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC) promoveu mais uma agenda do projeto “Cultivando Futuros: transição agroecológica justa em sistemas alimentares do semiárido brasileiro”.

A oficina intitulada por Consumo Alimentar nas Comunidades Rurais de Poço Redondo contou com uma participação de lideranças agricultoras, representantes de movimentos sociais e da Equipe Técnica do CDJBC.

Tratar da agenda do consumo e da cultura alimentar é desafiador diante de um cenário de altos investimentos nos alimentos ultraprocessados, captaneado principalmente pelo setor do agronegócio. Situação que eleva o aumento no uso de agrotóxicos nos assentamentos comunidades rurais, além de intensificar a prática de monoculturas para beneficiar a famosa Bacia Leiteira do estado, fato que constatado durante a oficina, e que inclusive, levou o município de Poço Redondo a perder de forma considerável a produção de alimentos saudáveis no período de 1990 a 2025.

Tratar da agenda do consumo e da cultura alimentar é desafiador diante de um cenário de altos investimentos nos alimentos ultraprocessados, captaneado principalmente pelo setor do agronegócio. Situação que eleva o aumento no uso de agrotóxicos nos assentamentos comunidades rurais, além de intensificar a prática de monoculturas para beneficiar a famosa Bacia Leiteira do estado, fato que constatado durante a oficina, e que inclusive, levou o município de Poço Redondo a perder de forma considerável a produção de alimentos saudáveis no período de 1990 a 2025.

A oficina tratou ainda dos desafios vivenciados no âmbito das mudanças no consumo alimentar nas comunidades rurais do município desde o início da década de 1990, refletindo sobre o que impulsionou tais mudanças neste período, de modo que foi possível identificar também as mudanças nos mercados de alimentos e as razões que influenciaram e continuam infleunciando a sociedade poço redondense.

A pesquisa ação revela que no período compreendido entre 1990 e 2025 ocorre uma mudança significativa na vida da famílias agricultoras, principalmente impulsionada pelo acesso às políticas públicas de distribuição de renda, de acesso à água e a terra (como é o caso da implementação de cisterna de placas para o consumo humano e produção de alimentos saudáveis), contudo, revela que também ocorre um aumento considerável na contaminação dos alimentos cultivados no município, o que acarreta na perda da soberania, segurança alimentar e nutricional, sendo visível que ao longo desses 35 anos, houve um crescimento do agronegócio, inclusive com financiamento público, o que de certo modo, seduziu as famílias com a perspectiva de aumento de renda com as práticas extensionistas focadas na monocultura do milho para beneficiamento da cadeia leiteira.

A pesquisa ação também revela a invisibilidade das mulheres, devido a um machismo forte e dominador. Cienes (militante da luta da terra, comunidade Queimada Grande) recorda que “as mulheres sempre estiveram na luta, e até hoje são as mulheres que tem enfrentado a agenda da agroecologia, da luta da terra, do acesso a água, mas somente os homens são lembrados, são citados. Precisamos urgente reconhecer e valorizar a importância das mulheres, como tem sido feito nessas oficinas”.

Já Maria (militante do MPA) reforça sua preocupação com o nível de perda na produção de alimentos, mas levanta questionamentos de como será daqui em diante – “a gente tem perdido a nossa produção, a nossa identidade camponês e camponesa. E se observar bem para o estágio o quanto a gente perdeu de 1990 até 2025 de produção alimentar, seria muito interessante ter uma perspectiva futura, sem parar aqui em 2025. Olhando para o futuro, será que a gente ainda vai existir? Porque se a gente seguir perdendo o tanto de autonomia, o tanto de produção de alimentos saudáveis que se produzia como a gente perdeu, é muito provável que a gente viva, mas viva em outros níveis e em outras condições, ou que nem haja humanidade”.

 

O diálogo com a Gestão do município

Na manhã do dia 15 de julho, a Equipe Técnica do CDJBC se reuniu com o Prefeito Vado Gavião, onde pôde dialogar sobre o processo de pesquisa ação realizado na primeira etapa do projeto em 2024, como também traçou os próximos passos com a oficina “Consumo Alimentar nas Comunidades Rurais de Poço Redondo” aberta para agricultores/as familiares, lideranças populares e movimentos sociais, mas também, da oficina Acesso à Mercados da Agricultura Familiar de Poço Redondo” que deve contar com a participação da gestão do município.

O Prefeito acolheu com bastante entusiasmo a agenda promovida pelo projeto Cultivando Futuros, se comprometendo com a mobilização das secretarias de “Assistência Social, Agricultura, Administração, Cultura, Educação e Saúde, além de confirmar a própria participação na abertura da oficina, e de garantir a presença de outros profissionais da gestão” para acolherem as demandas da oficina, afim de construir uma agenda capaz de fortalecer a agricultura familiar de Poço Redondo.

Vado Gavião reservou o Auditório da Secretaria de Assistência Social do município para o dia 19/08/2025 devido aos festejos das comunidades, deixando sua equipe a disposição da Rede ATER Nordeste de Agroecologia.

A reunião contou também com a presença da Chefe de Gabinete, a Sra. Fernanda, e com o Secretário de Administração do município.

Informações sobre o proejto

O projeto é realizado pela AS-PTA, Rede ATER Nordeste de Agroecologia e pela organizações de cooperação internacional alemã Brot für die Welt (Pão para o Mundo), tem financiamento do Ministério Federal da Alimentação e da Agricultura da Alemanha (BMEL, na sigla em alemão), com ações desempenhadas em 06 estados do semiárido brasileiro, sendo implementado em Sergipe pelo CDJBC, entidade que integra a Rede ATER.