Dom José Brandão de Castro nasceu na cidade mineira de Rio Espera, no dia 24 de maio de 1919. Seus pais, César Augusto de Oliveira Castro e Maria Afonso Brandão de Castro, tiveram ainda outros sete filhos. A mãe realizou o sonho de ver seu filho sacerdote: Aos 13 anos entrou para o Seminário Menor de Mariana, tendo sido ordenado presbítero no dia 06 de janeiro de 1944. Ao longo de seu ministério presbiteral participou intensamente da vida da Congregação, ocupando vários cargos e vivendo em diversas comunidades da Província do Rio até receber a sua nomeação para bispo da Diocese de Propriá, em Sergipe, em 1960, onde permaneceu até 1987.
Foi em Propriá, no Baixo São Francisco, que Dom Brandão deu início a uma trajetória que extrapolou sua responsabilidade eclesiástica. Mais do que um líder religioso, Dom Brandão assumiu um importante papel no enfrentamento às desigualdades sociais, num período em que a organização social era reprimida pela ditadura militar, e em que lutar era crime.
Neste contexto adverso, Dom Brandão, ao lado de outros lutadores do povo como Dom José Vicente Távora, fundaram o Movimento de Educação de Base (MEB). Este momento de efervescência de voz àqueles que não eram ouvidos e trouxe esperança de transformação. Os movimentos ligados à doutrina da Teologia de Libertação deram, em Sergipe, valorosas contribuições no processo de organização dos camponeses/as, indígenas, sem-terra, pescadores/as e quilombolas e de movimentos populares, sobretudo nas regiões do Baixo São Francisco e do Alto e Médio Sertão Sergipano.
Após dedicar sua vida aos preceitos de sua religião, pregando nas palavras e nas ações a humanização da sociedade e o verdadeiro senso de fraternidade, Dom José Brandão de Castro, já acometido por Alzheimer, voltou à Província. Ele faleceu Curvelo (MG), em 1999, deixando muitos ensinamentos sobre o amor fraterno e a abdicação em defesa da verdadeira caridade.